Com alguma sorte este blog chegará a ter doze posts este ano, um para cada mês. Depois de quase 5 anos neste país, parece que acaba o assunto porque muitas das novidades ou das "primeiras vezes" já aconteceram, então nada parece interessante o suficiente para virar um post.
Hoje vou falar de uma experiência que eu nunca poderia ter tido no Brasil, e que é uma das coisas mais legais de um país muticultural.
Fiz amizade com duas irmãs persas no meu primeiro emprego aqui, em 2008. Nos vemos raramente, mas quando nos encontramos eu sempre aprendo coisas novas e chocantes. No caso dessas irmãs, o fato delas serem muçulmanas torna tudo mais interessante. Os pais delas fugiram do Irã com as 3 filhas quando elas tinham menos de 7 anos de idade. Mesmo vivendo no mundo ocidental, a mãe delas fez questão absoluta de criá-las dentro do islamismo. Elas não usam véu porque não gostam (aliás, quem gosta?), e só usavam no Irã porque eram obrigadas. A filha mais velha está com 40 anos e se casou há uns 4 anos com um rapaz que ela trouxe do Irã. Sim, casamento arranjado a pedido dela.
Antes do casamento, ela e as outras 2 irmãs viviam na casa dos pais sob as ordens deles. Não podiam receber amigos homens em casa e nem sair com eles, mesmo em grupo. Maquiagem, só depois do casamento (não precisa nem mencionar sexo, né?). E hoje eu descobri que a mulher não pode mexer na sobrancelha enquanto não se casar. Não é inacreditável? Tudo isso é para a mulher não se tornar sensual e atrair a atenção de outros homens; ela deve se resguardar e ser sensual apenas para o marido dela.
Olhando essas meninas, elas parecem absolutamente "normais" como qualquer menina ocidental, mas nem tudo é o que parece. Essa minha amiga não tem nenhum amigo do sexo masculino, pois não é certo uma mulher casada ficar conversando com outros homens. Nós achamos isso o maior absurdo do mundo, mas para ela é a coisa mais natural. O mais engraçado é ela achar que eu também sou assim; aí quando digo que eu tenho amigos homens, ela pergunta "Mas o Capachinho não acha ruim?" E eu digo que não e que ele tem amigas também. O espanto dela é ainda maior.
Apesar das diferenças, nos damos muito bem e sempre nos divertimos muito quando estamos juntas. O segredo é uma respeitar a cultura da outra. No começo eu achava estranho e ficava indignada com o fato das 3 meninas terem mais de 30 anos, trabalharem e não poderem morar sozinhas ou simplesmente colocar maquiagem para ir a uma festa. Aliás, antes de casar não tem nada de festa até tarde. Eu dizia coisas do tipo "Mas você tem seu trabalho, é independente, seus pais não têm direito de proibir esse tipo de coisa. Se fosse comigo blá, blá,blá". E elas sempre me diziam que as coisas não eram bem assim, que na religião delas elas tinham que obedecer os pais e seguir as regras da comunidade, senão elas não poderiam mais ter contato com os persas e nem com a família. Uau! Nunca mais falei nada.
E aí vem a questão do casamento arranjado, que o pai dela, por incrível que pareça, sempre foi contra. Quando a conheci, ela tinha acabado de se casar na Síria e o marido dela nem tinha feito o landing ainda; estava aqui com visto de turista. Lembro-me que as brigas eram constantes e a impressão que eu tinha é de que ele era um monstro machista sem respeito nenhum por ela. A família dela também não gostava dele e o fato de todos morarem na casa dos pais dela só agravava a situação. A família só falava em divórcio, mas ela não queria dar o braço a torcer e admitir perante a comunidade que o cara que ela foi buscar lá no Irã para se casar não era um par ideal.
Eu tinha muita pena dela, mas depois que eles compraram uma casa e saíram da casa dos pais dela, a coisa mudou.
Fui jantar com Capachinho na casa dela uma vez, e como todo bom persa, a família inteira estava lá: pai, mãe e irmãs.
Eu fui achando que ia encontrar no marido dela um tipo desprezível, mas o que encontrei foi uma pessoa sensível que estava fazendo das tripas coração para se adaptar a um novo país cuja língua ele não falava e se esforçando ao máximo para fazer minha amiga feliz.
Sim, cada um tem seu papel bem definido dentro do casamento, mas vi muito respeito e vontade de vencer. Hoje eles já se mudaram para uma casa maior, ele deixou de ser carpinteiro e arranjou um emprego como contador, que é a profissão que ele tinha antes de imigrar.
Casamentos arranjados ainda são coisa muito comum dentro de algumas culturas aqui no Canadá. Uma vez ouvi a história de um indiano jovem que defendia o casamento arranjado. Ele disse que o casamento não tem nada a ver com os noivos, mas com a família, portanto, duas pessoas só se casam se as famílias se derem bem. O que um sente pelo outro é irrelevante, porque segundo ele, o amor vem depois, e se não vier você aprende a conviver com a pessoa assim mesmo.
Ele é contra casamento por amor porque diz que não dá certo. Quando a paixão acaba não sobra nada, e aí vem o divórcio. Com casamento arranjado não; você já sabe o que esperar desde o começo e vai trabalhar para que o casamento dê certo. O casamento é um negócio, um contrato e todos vão trabalhar para um bem comum.
Esse indiano também disse que não é ele quem escolhe a pessoa com quem quer se casar, é a família dele. Ah, e é claro que a primeira e mais importante condição é de que a moça seja da mesma religião que ele, senão as famílias brigam e o casamento não dá certo. Eu perguntei "Mas e se você se apaixonar por uma moça branca ou de outra religião?" Ele fez uma cara como se eu estivesse falando a coisa mais absurda do mundo, pois é claro que isso nunca iria acontecer porque ele simplesmente não se interessa por moças que não sejam da cultura e da religião dele. E isso me lembra um outro caso de uma ex-colega de trabalho do Paquistão, também muçulmana. Um colega canadense vivia brincando com ela e perguntando para ela qual seria a reação dos pais dela caso ela aparecesse em casa com um canadense ou qualquer outro rapaz que não fosse da cultura e da religião dela. Ela insistia que isso não era possível, mas meu colega achava que não era possível por proibição dos pais delas, mas não. Não era possível porque ela jamais pensou ou pensará em se relacionar com alguém que não seja paquistanês e que não seja muçulmano. Essa menina é nascida no Canadá, mas ela se veste com roupas indianas e vive o mais próximo possível do que seria uma vida no Pasquitão.
É essa diversidade cultural que nos permite esse tipo de experiência imposssível no Brasil, pois lá os imigrantes têm que se adequar aos hábitos brasileiros, mesmo porque lá eles não encontram tudo que precisariam para poder levar uma vida parecida com a que tinham no país de origem.
Aqui existem shoppings onde só se fala chinês; mercados que vendem única e exclusivamente produtos chineses; restaurantes onde o menu é todo em chinês. Se você for sozinho a um restaurante desses tá ferrado, pois não vai conseguir pedir nem um copo com água.
O fato do Canadá respeitar outras culturas nos permite conhecer um pouquinho de cada país do mundo sem sair da cidade. Alguns acham que liberdade cultural e religiosa podem trazer problemas (em alguns casos traz sim) mas acredito que a riqueza que essa mistura nos proporciona é fascinante e não tem preço.
Saturday, April 7, 2012
Tuesday, March 6, 2012
A dura arte de retornar à terrinha
Sempre
acompanhamos as histórias de quem deixou o Brasil e foi tentar sua vida
em outro país, mas raramente vemos registrada em blog, a volta dos que
foram.
Segundo
esta reportagem, 20% dos brasileiros vivendo nos Estados Unidos e 25%
dos brasileiros vivendo no Japão já retornaram ao Brasil de mala e cuia
por causa da recessão naqueles paises e do bom desempenho da economia
brasileira. No entanto, estas pessoas têm enfrentando dificuldades
enormes para se readaptar ao Brasil e a se recolocar no mercado
de trabalho. A dificuldade é tamanha que o Itamaraty lançou um "Guia de
Retorno ao Brasil", distribuído nas embaixadas.
A
mesma reportagem cita relatórios que demonstram que a adaptação do
brasileiro no exterior demora em média 6 meses. Acredito que seja pelo fato de
sairmos com a mente aberta e prontos a encarar as dificuldades. Porém, o
contrário não é verdade. Ao retornar ao Brasil, o brasileiro demora at' 2 anos para se readaptar. Enquanto esta no exterior, ele vive uma
utopia e vê seu país de uma forma ilusória. Ao pisar no Brasil, não somente ele, mas amigos e famílias também mudaram bastante durante o tempo em
que ele esteve fora e este choque tem bastante impacto em sua adaptação.
Eu vivi isso na pele quando, em 1989, após viver quatro anos na Bolívia, eu retornei ao Brasil. Apesar de adolescente (retornei ao 14 anos), foi muito difícil me adaptar à forma como as pessoas viviam. Eu não sabia como me comportar diante das coisas mais simples, como cumprimentar uma pessoa, por exemplo. Um beijo no rosto, 2, 3, um aperto de mãos?
Imagine
que depois de dez anos vivendo no Canadá, por exemplo, você resolva
voltar ao Brasil e tenha que começar do zero outra vez: abrir conta em
banco, arranjar um lugar para morar (sem ter um emprego ainda), renovar
ou tirar carteira de habilitação, matricular os filhos na escola e
arranjar uma faxineira de confiança. Hahaha Desculpem-me, mas eu não
podia perder a oportunidade. 100% dos brasileiros que conheço que
voltaram ao Brasil se queixam de como está caro conseguir uma faxineira
quando eles nunca sequer cogitaram essa possiblidade enquanto estavam no
Canadá.
Enfim, a volta pode ser mais dura do que se pensa e a readaptação é com certeza um processo longo e penoso.
Será
que depois de passar por tantas dificuldades para se adaptar em outro
país vale a pena passar por dificuldades ainda maiores ao retornar ao
Brasil (some-se a isso corrupção, violência, trânsito infernal e o famoso "jeitinho brasileiro")?
Sunday, February 19, 2012
Salários no Canadá
O Workópolis publicou uma matéria interessante sobre quanto o canadense está ganhando. A pesquisa traz a média salarial de várias áreas profissional, desde dentistas, a artistas e políticos. É uma boa para quem ainda está no Brasil e não tem idéia de quanto poderia ganhar aqui.
Um fato interessante é que, em geral, os canadenses ganharam mais em 2011 do que em 2011 em todas as províncias do Canadá, exceto em Ontario.
Um fato interessante é que, em geral, os canadenses ganharam mais em 2011 do que em 2011 em todas as províncias do Canadá, exceto em Ontario.
Curious about how much money people are making? Well, Statistics Canada's most recent report on wages in Canada had some good news, indicating that overall Canadians were making about 2.2% more at the end of 2011 than we were in 2010. So how much are Canadians earning? The average salary in this country is roughly $883 a week or $46,000 a year.
While average weekly earnings rose in every province from November 2010 to November 2011, the largest growth was seen in Newfoundland and Labrador, Saskatchewan, Alberta and New Brunswick. The lowest rate of salary increase was in the province of Ontario.
Average Canadian wages by industry sector
In administration and support services, the average weekly earnings are $734.24 or $38,180 a year. Workers in the retail trade earn roughly $521.41 a week or $27,113 a year.
In the professional, scientific and technical services, workers make $1,229.64 a week or $63,941 a year. (This category includes a broad range of professions, such as management, scientific and technical consulting; accounting, tax preparation, bookkeeping payroll services; and architectural, engineering and related services.)
The average weekly salary in manufacturing is $999.75, or $51,987 a year. Workers in utilities make $1,705.73 a week or $88,697 a year, while natural resource workers such as those in mining, quarrying, and oil and gas extraction earn $1,788.92 a week or $93,023 a year.
A sample of other average Canadian salaries by industry:
- Health care and social assistance: $1,016 a week or $53,832 per year.
- Construction: $1,121a week or an annual salary of $58,282.
- Public administration: $966 a week or an annual salary of $50,211.
- Finance and insurance: $861 a week or an annual salary of $44,762.
- Real estate and rental and leasing: $768 a week or an annual salary of $39,915.
- Arts, entertainment and recreation: $641 a week or $33,342.
- Accommodation and food services: $518 a week or an annual salary of $26,915.
So who's making well above the average wage? Well, Specialist Physicians top the list of well compensated professionals at a whopping $350,000 a year. Judges are also high earners, bringing in an average of $260,000 annually.
Other high-earning positions:
- Senior managers of financial, communications, and other businesses - $210,500/year.
- Senior managers of goods production, utilities, transportation, and construction - $195,000/year.
- General practitioners and family physicians - $180,000/year.
- Dentists - $170,000/year
- Lawyers - $160,000/year
Looking the qualifications needed to land one of the highest paying gigs, the lesson seems to be: if you want to earn the big bucks, stay in school.
And how about our national leaders? The Prime Minister, Stephen Harper makes $315,000 a year. Members of Parliament make $157,000 a year and the Governor General earns $130,000 annually.
For salary information on specific jobs in your region, try using our interactive Salary Calculator tool.
Source: Statistics Canada Payroll employment, earnings and hours
Tuesday, January 17, 2012
Por que é tão difícil ter vontade de voltar a viver no Brasil?
Adorei o post da Glenda, do Coisa Parecida. Não conhecia o blog dela até então.
Este post consegue enumerar muitas das razões pelas quais Capachinho e Piaçava não têm vontade de voltar a morar no Brasil.
Talvez seja difícil para o pessoal que ainda mora lá entender esses motivos, pois a gente só consegue ter uma visão panorâmica da situação se se afastar dela.
Aqui vai o post na íntegra.
Depois de duas semanas lendo sobre o porquê dos meus companheiros do Brasil com Z não quererem mais voltar a viver no Brasil, decidi escrever meu texto. Em 2009 já havíamos feito uma ronda sobre “voltar ou não voltar” entre os colaboradores deste blog coletivo de expatriad@s que vivem nos mais diversos cantos do mundo… os tempos eram outros, o pessoal também, mas quem quiser conferir pode clicar aqui. Inclusive eu dei minha opinião sobre a volta e decidir escrever de novo não porque tenha mudado de ideia, mas sim porque ampliei um pouco meu pensamento.
Não vou enumerar aqui a quantidade de problemas, principalmente sociais, ambientais e econômicos que existem no Brasil, uma porque depois dessa série de posts não vale a pena repetir, outra, porque todo mundo está careca de saber que no nosso país falta segurança, falta educação e saúde pública, falta tolerância, falta tanta coisa e sobra outras mais, como desigualdades, exclusões, injustiças.
Futilidades à parte, aqui aprendi que se trabalha para viver e não se
vive para trabalhar. Isso significa realmente aproveitar a vida. A
grande maioria do pessoal aqui do sul trabalha o justo e necessário para
poder garantir um lazer a nível máximo, um happy hour no final do dia,
uma escapada no final de semana e umas férias de verão de um mês. Horas
extras, 60 horas de trabalho semanais, um final de semana em casa
atolado de prazos esgotados? Não que isso não aconteça, mas é coisa
rara. Conheço funcionários públicos que pedem redução de salário para
poder ficar uma hora a mais com os filhos em casa.
Aprendi a deixar o carro na garagem (leia-se estacionado na rua) e usar o transporte público. Voltei a aprender a andar de bicicleta. De onde eu moro eu chego a qualquer parte da cidade em menos de 40 minutos de pedalada (e Sevilla não é uma cidade pequena, tem quase 800 mil habitantes fora a zona metropolitana). Não tem preço poder ir e vir respirando ar fresco (ok, nem sempre, afinal, estamos numa zona urbana) e de quebra fazer exercícios.
Aprendi a ser tolerante, a respeitar mais as diferenças, a descobrir a diversidade de raças, culturas, estilos de vida e pensamento muito diferentes dos nossos, brasileiros, muitas vezes machistas, egoístas e hipócritas (como também já foi citado nos posts dos meus colegas de Brasil com Z). Aprendi que viver no mesmo edifício que o motorista do caminhão de lixo e comer no mesmo restaurante da faxineira da piscina é uma coisa absolutamente normal. Aprendi a respeitar famílias com dois pais, duas mães e até duas mães e um pai, a não falar mal de uma mulher escabelada na padaria, a não ficar horrorizada com um «modelito» fora do «normal». Aprendi que o normal pode ser qualquer coisa, que cada pessoa é um mundo e que cada um de nós cuida do seu próprio mundo pessoal, sem precisar de aparências ou máscaras. E ao mesmo tempo aprendi que todos devemos cuidar do nosso mundo coletivo, que a força do ser em conjunto é muito importante e que, melhor de tudo, dá resultados.
Aprendi que as diferenças nem sempre geram integração, que podem causar desigualdades por estes lados também. Que imigrante é uma classe de pessoa que tem que correr atrás do prejuízo, que tem que lutar muito para conseguir se estabelecer e que, por questões que fogem as suas capacidades, nem sempre consegue o seu lugar ao sol. Aprendi que o ser humano, não importa a sua nacionalidade, está longe de ser perfeito, e apesar de tanta tolerância e igualdade por um lado, pode ser bastante preconceituoso e injusto por outro.
Então, quem em sã consciência depois de aprender tantas coisas e, acima de tudo, depois de viver tudo isso no seu cotidiano sente vontade de voltar a morar no Brasil? Quem, depois de aprender a cruzar uma rua pela faixa de segurança sem nem precisar olhar para os lados ou se acostumar a voltar para casa a pé às 3 da manhã, desfrutando do cheiro das flores de laranjeira e do silêncio da madrugada sem precisar olhar para trás, pensa um dia em regressar à sua pátria amada? Quem depois de dar risada (ou se irritar, no meu caso) com as crianças de uniforme do colégio jogando bola em plena praça central, de se habituar a pegar a sua bicicleta e fazer um piquenique no parque público ou de ver uma roda de velhinhos e velhinhas tomando cerveja (sem álcool) felizes e cheirosos no mesmo bar que a garotada de 20 anos pode cogitar a hipótese de não viver mais essas coisas, aparentemente tão banais, mas que no Brasil há muito tempo não existe?
Claro, nem tudo são rosas… Não sou casada com espanhol, não tenho meu diploma de arquiteta homologado para assinar projetos na Espanha (se bem que na atual situação econômica, «projetos» é coisa rara por aqui), vivo com um visto de estudante que não me dá direito à nacionalidade, não tenho direito à saúde pública (apenas atendimento de emergência) e pelo menos nos próximos anos não vejo nenhum futuro profissional na minha área (nem eu, nem 20% da população ativa do país, nem a maioria absoluta dos jovens recém-formados). Não tenho filhos espanhóis e em teoria, nada me prende aqui. Mais cedo ou mais tarde (cada vez mais é mais cedo, já que estou no segundo ano do doutorado) vou ter que tomar a fatídica decisão: volto ou não volto ao Brasil? Qualidade de vida ou um bom trabalho (ou um trabalho qualquer)?
Meu consolo é que este mundo é enorme, como já dizia o poeta, «grande demais para nascer e morrer no mesmo lugar». Confesso que não sei se tenho o mesmo ânimo para recomeçar tudo de novo em um país novo, mas quem disse que se eu voltasse ao Brasil eu não teria que recomeçar do zero? E entre recomeçar com qualidade de vida e recomeçar rodeada de violência, desigualdades e injustiças, só fico na dúvida porque neste último caso também estaria rodeada de muito amor, amigos e família (únicos motivos reais que me fazem pensar em voltar a viver no Brasil).
Enfim, todo mundo deveria ter a oportunidade de sair da sua bolha, ver o mundo com outros olhos, aprender novos valores e, quem sabe, voltar e conseguir lutar por um lugar melhor. O Brasil é um país com duas caras, lindo e horrível ao mesmo tempo. Sei que sou uma privilegiada por estar onde estou e que muita gente se tivesse condições já estava com as malas prontas e a passagem comprada para se mandar… e a gente aqui falando em voltar. Adoraria poder voltar e tentar fazer do meu Brasil um lugar melhor para se viver, mas ao mesmo tempo me sinto muito ingênua em pensar que isso poderia ser possível.
Queria viver entre os «meus», mas a cada dia que passa me sinto menos parte dos que ficaram. Já não penso em altos salários, altos cargos, muito dinheiro para ser feliz. Embora muita gente siga pensando ao contrário, dinheiro não é e nem nunca foi garantia de felicidade. Felicidade para mim é isso, poder levar a vida sem pausa, mas sem pressa, sem paradeiro se eu assim quiser. Posso não estar com os bolsos cheios, mas percebi que não necessito nada disso para ter uma vida confortável, alegre e divertida.
Tive que cruzar o oceano para perceber isso? Pode ser que sim, e continuo aproveitando esta grande oportunidade de fazer parte de outro mundo, que apesar de todos os seus problemas, consegue ser mais justo e respeitoso que o mundo onde nasci.
Este post consegue enumerar muitas das razões pelas quais Capachinho e Piaçava não têm vontade de voltar a morar no Brasil.
Talvez seja difícil para o pessoal que ainda mora lá entender esses motivos, pois a gente só consegue ter uma visão panorâmica da situação se se afastar dela.
Aqui vai o post na íntegra.
Depois de duas semanas lendo sobre o porquê dos meus companheiros do Brasil com Z não quererem mais voltar a viver no Brasil, decidi escrever meu texto. Em 2009 já havíamos feito uma ronda sobre “voltar ou não voltar” entre os colaboradores deste blog coletivo de expatriad@s que vivem nos mais diversos cantos do mundo… os tempos eram outros, o pessoal também, mas quem quiser conferir pode clicar aqui. Inclusive eu dei minha opinião sobre a volta e decidir escrever de novo não porque tenha mudado de ideia, mas sim porque ampliei um pouco meu pensamento.
Não vou enumerar aqui a quantidade de problemas, principalmente sociais, ambientais e econômicos que existem no Brasil, uma porque depois dessa série de posts não vale a pena repetir, outra, porque todo mundo está careca de saber que no nosso país falta segurança, falta educação e saúde pública, falta tolerância, falta tanta coisa e sobra outras mais, como desigualdades, exclusões, injustiças.
Não sei quando volto ao Brasil pelo simples fato de que não sei se quero voltar ao Brasil.
Gosto muito da vida que levo na Espanha. A principal lição de vida que
aprendi nestes 6 anos de Sevilha é que não é pobre o que menos tem, mas o
que menos necessita. Aqui aprendi que não preciso de luxos para viver
feliz, que com pouco dinheiro no bolso posso me divertir, ter uma vida
cultural relativamente agitada e ainda viajar de vez em quando. Aprendi
que a felicidade não se encontra em shopping e que autoestima não está
diretamente relacionada com chapinha e unhas bem feitas. E não que no
Brasil eu tivesse um padrão de vida alto ou fosse uma patricinha de
carteirinha, mas depois de viver 6 anos em uma casa com móveis alugados,
nossa percepção de vida muda muito.
Aprendi a deixar o carro na garagem (leia-se estacionado na rua) e usar o transporte público. Voltei a aprender a andar de bicicleta. De onde eu moro eu chego a qualquer parte da cidade em menos de 40 minutos de pedalada (e Sevilla não é uma cidade pequena, tem quase 800 mil habitantes fora a zona metropolitana). Não tem preço poder ir e vir respirando ar fresco (ok, nem sempre, afinal, estamos numa zona urbana) e de quebra fazer exercícios.
Aprendi a ser tolerante, a respeitar mais as diferenças, a descobrir a diversidade de raças, culturas, estilos de vida e pensamento muito diferentes dos nossos, brasileiros, muitas vezes machistas, egoístas e hipócritas (como também já foi citado nos posts dos meus colegas de Brasil com Z). Aprendi que viver no mesmo edifício que o motorista do caminhão de lixo e comer no mesmo restaurante da faxineira da piscina é uma coisa absolutamente normal. Aprendi a respeitar famílias com dois pais, duas mães e até duas mães e um pai, a não falar mal de uma mulher escabelada na padaria, a não ficar horrorizada com um «modelito» fora do «normal». Aprendi que o normal pode ser qualquer coisa, que cada pessoa é um mundo e que cada um de nós cuida do seu próprio mundo pessoal, sem precisar de aparências ou máscaras. E ao mesmo tempo aprendi que todos devemos cuidar do nosso mundo coletivo, que a força do ser em conjunto é muito importante e que, melhor de tudo, dá resultados.
Aprendi que as diferenças nem sempre geram integração, que podem causar desigualdades por estes lados também. Que imigrante é uma classe de pessoa que tem que correr atrás do prejuízo, que tem que lutar muito para conseguir se estabelecer e que, por questões que fogem as suas capacidades, nem sempre consegue o seu lugar ao sol. Aprendi que o ser humano, não importa a sua nacionalidade, está longe de ser perfeito, e apesar de tanta tolerância e igualdade por um lado, pode ser bastante preconceituoso e injusto por outro.
Então, quem em sã consciência depois de aprender tantas coisas e, acima de tudo, depois de viver tudo isso no seu cotidiano sente vontade de voltar a morar no Brasil? Quem, depois de aprender a cruzar uma rua pela faixa de segurança sem nem precisar olhar para os lados ou se acostumar a voltar para casa a pé às 3 da manhã, desfrutando do cheiro das flores de laranjeira e do silêncio da madrugada sem precisar olhar para trás, pensa um dia em regressar à sua pátria amada? Quem depois de dar risada (ou se irritar, no meu caso) com as crianças de uniforme do colégio jogando bola em plena praça central, de se habituar a pegar a sua bicicleta e fazer um piquenique no parque público ou de ver uma roda de velhinhos e velhinhas tomando cerveja (sem álcool) felizes e cheirosos no mesmo bar que a garotada de 20 anos pode cogitar a hipótese de não viver mais essas coisas, aparentemente tão banais, mas que no Brasil há muito tempo não existe?
Claro, nem tudo são rosas… Não sou casada com espanhol, não tenho meu diploma de arquiteta homologado para assinar projetos na Espanha (se bem que na atual situação econômica, «projetos» é coisa rara por aqui), vivo com um visto de estudante que não me dá direito à nacionalidade, não tenho direito à saúde pública (apenas atendimento de emergência) e pelo menos nos próximos anos não vejo nenhum futuro profissional na minha área (nem eu, nem 20% da população ativa do país, nem a maioria absoluta dos jovens recém-formados). Não tenho filhos espanhóis e em teoria, nada me prende aqui. Mais cedo ou mais tarde (cada vez mais é mais cedo, já que estou no segundo ano do doutorado) vou ter que tomar a fatídica decisão: volto ou não volto ao Brasil? Qualidade de vida ou um bom trabalho (ou um trabalho qualquer)?
Meu consolo é que este mundo é enorme, como já dizia o poeta, «grande demais para nascer e morrer no mesmo lugar». Confesso que não sei se tenho o mesmo ânimo para recomeçar tudo de novo em um país novo, mas quem disse que se eu voltasse ao Brasil eu não teria que recomeçar do zero? E entre recomeçar com qualidade de vida e recomeçar rodeada de violência, desigualdades e injustiças, só fico na dúvida porque neste último caso também estaria rodeada de muito amor, amigos e família (únicos motivos reais que me fazem pensar em voltar a viver no Brasil).
Enfim, todo mundo deveria ter a oportunidade de sair da sua bolha, ver o mundo com outros olhos, aprender novos valores e, quem sabe, voltar e conseguir lutar por um lugar melhor. O Brasil é um país com duas caras, lindo e horrível ao mesmo tempo. Sei que sou uma privilegiada por estar onde estou e que muita gente se tivesse condições já estava com as malas prontas e a passagem comprada para se mandar… e a gente aqui falando em voltar. Adoraria poder voltar e tentar fazer do meu Brasil um lugar melhor para se viver, mas ao mesmo tempo me sinto muito ingênua em pensar que isso poderia ser possível.
Queria viver entre os «meus», mas a cada dia que passa me sinto menos parte dos que ficaram. Já não penso em altos salários, altos cargos, muito dinheiro para ser feliz. Embora muita gente siga pensando ao contrário, dinheiro não é e nem nunca foi garantia de felicidade. Felicidade para mim é isso, poder levar a vida sem pausa, mas sem pressa, sem paradeiro se eu assim quiser. Posso não estar com os bolsos cheios, mas percebi que não necessito nada disso para ter uma vida confortável, alegre e divertida.
Tive que cruzar o oceano para perceber isso? Pode ser que sim, e continuo aproveitando esta grande oportunidade de fazer parte de outro mundo, que apesar de todos os seus problemas, consegue ser mais justo e respeitoso que o mundo onde nasci.
Monday, December 12, 2011
O Natal Comemorado Pelo Mundo
Aqui em casa não comemoramos Natal, não montamos árvore e nem fazemos ceia (além da preguiça, eu não sei e não gosto de cozinhar), mas acho interessante saber como outros países comemoram essa data. As informações foram copiadas na íntegra deste site.
BRASIL: Comemorado a partir do século XVII, o Natal brasileiro era uma mistura de tradições nativas com portuguesas e era representado por uma espécie de “barraca de natal” montada à frente da capela do engenho. Nela havia um presépio com de figuras de barro armado pelos senhores e escravos e doces e salgados feitos pelas cozinheiras escravas.
CHINA: Mesmo com uma população de 1,2 milhão de cristãos, dentro de um universo que ultrapassa 1.3 bilhão de chineses, o Natal começa a despontar, incorporando-se aos costumes da China contemporânea. Já podem ser vistos papais noéis nas grandes lojas de departamentos das principais cidades do País, ocorrendo, inclusive, a venda de cartões natalinos e de presentes.
JAPÃO: Lá os costumes ocidentais vivenciados na época natalina, que têm relação direta com às tradições religiosas, não possuem grande importância.
PORTUGAL: Os portugueses festejam a véspera natalina com uma ceia de bacalhau, acompanhamentos e vinho branco chamada de consoada. Aí, participam da missa à meia noite e no dia de Natal, comem cordeiro ao forno.
ISRAEL: A peregrinação a Belém e a Igreja da Natividade (onde acreditam ser o local exato onde Jesus nasceu e onde é celebrada missa na noite de Natal) é o ponto alto dos cristãos que vivem neste país.
POLÔNIA: Mais poéticos, os poloneses comemoram o Natal quando a primeira estrela surge no horizonte na noite do dia 25 de dezembro, quando então é servida a refeição. Como não comem carne nesta noite, sua cheia é repleta de paplotélis ou oblátik, uma espécie de hóstia ou pão ázimo.
ALEMANHA: Na Alemanha, é costume, quatro domingos antes do dia 15, montar a Coroa do Advento, guirlanda de galhos verdes com quatro velas. Então, a cada domingo, uma vela é acesa pela família, nas residências. Os enfeites variam de região, podendo ser estrelas de palha ou bonequinhos de madeira.
MÉXICO: No México, realizam-se procissões todas as noites, desde o dia 16 de dezembro. Brinca-se também com la piñata - recipiente que recebe decoração de pássaro, avião ou boneca, contendo doces e balas e que fica pendurado em um galho de árvore.
FRANÇA: Nesse país não pode faltar o patê de foiegras, o peru e o “bûche de Noel” (um rocambole recheado de chocolate em forma de um tronco de árvore). Já nos vilarejos do interior do país, a cozinha saborosa do campo e o teatro medieval são partes marcantes.
HOLANDA: Os holandeses comemoram o Natal no dia 6 de dezembro, Dia de São Nicolau (santo que teria inspirado o Papai Noel).
ESPANHA: Em Madri, montam-se presépios humanos com pessoas substituindo as tradicionais figuras. Já nas cidades interioranas, as crianças saem às ruas cantando e tocando para pedir doces nas casas. Porém, a troca de presentes só ocorre no dia 6 de janeiro.
PAÍSES MUÇULMANOS: Os muçulmanos não comemoram o Natal, já que consideram Jesus Cristo apenas como um profeta comum.
Observação minha: falei esta semana com uma amiga muçulmana, que veio para o Canadá aos 18 anos. Ela disse que a família inteira comemora o Natal para reunir a família. Esta tradição começou com a vizinha armênia que eles tinham lá no Iran. Segundo minha amiga, ela via toda aquela festa na época de dezembro e a mãe não conseguia convencê-la de que aquilo não pertencia ao mundo muçulmano deles. Um dia, a vizinha armênia os convidou para uma ceia de Natal, e desde então toda a família da minha amiga comemora a data.
BRASIL: Comemorado a partir do século XVII, o Natal brasileiro era uma mistura de tradições nativas com portuguesas e era representado por uma espécie de “barraca de natal” montada à frente da capela do engenho. Nela havia um presépio com de figuras de barro armado pelos senhores e escravos e doces e salgados feitos pelas cozinheiras escravas.
CHINA: Mesmo com uma população de 1,2 milhão de cristãos, dentro de um universo que ultrapassa 1.3 bilhão de chineses, o Natal começa a despontar, incorporando-se aos costumes da China contemporânea. Já podem ser vistos papais noéis nas grandes lojas de departamentos das principais cidades do País, ocorrendo, inclusive, a venda de cartões natalinos e de presentes.
JAPÃO: Lá os costumes ocidentais vivenciados na época natalina, que têm relação direta com às tradições religiosas, não possuem grande importância.
PORTUGAL: Os portugueses festejam a véspera natalina com uma ceia de bacalhau, acompanhamentos e vinho branco chamada de consoada. Aí, participam da missa à meia noite e no dia de Natal, comem cordeiro ao forno.
ISRAEL: A peregrinação a Belém e a Igreja da Natividade (onde acreditam ser o local exato onde Jesus nasceu e onde é celebrada missa na noite de Natal) é o ponto alto dos cristãos que vivem neste país.
POLÔNIA: Mais poéticos, os poloneses comemoram o Natal quando a primeira estrela surge no horizonte na noite do dia 25 de dezembro, quando então é servida a refeição. Como não comem carne nesta noite, sua cheia é repleta de paplotélis ou oblátik, uma espécie de hóstia ou pão ázimo.
ALEMANHA: Na Alemanha, é costume, quatro domingos antes do dia 15, montar a Coroa do Advento, guirlanda de galhos verdes com quatro velas. Então, a cada domingo, uma vela é acesa pela família, nas residências. Os enfeites variam de região, podendo ser estrelas de palha ou bonequinhos de madeira.
MÉXICO: No México, realizam-se procissões todas as noites, desde o dia 16 de dezembro. Brinca-se também com la piñata - recipiente que recebe decoração de pássaro, avião ou boneca, contendo doces e balas e que fica pendurado em um galho de árvore.
FRANÇA: Nesse país não pode faltar o patê de foiegras, o peru e o “bûche de Noel” (um rocambole recheado de chocolate em forma de um tronco de árvore). Já nos vilarejos do interior do país, a cozinha saborosa do campo e o teatro medieval são partes marcantes.
HOLANDA: Os holandeses comemoram o Natal no dia 6 de dezembro, Dia de São Nicolau (santo que teria inspirado o Papai Noel).
ESPANHA: Em Madri, montam-se presépios humanos com pessoas substituindo as tradicionais figuras. Já nas cidades interioranas, as crianças saem às ruas cantando e tocando para pedir doces nas casas. Porém, a troca de presentes só ocorre no dia 6 de janeiro.
PAÍSES MUÇULMANOS: Os muçulmanos não comemoram o Natal, já que consideram Jesus Cristo apenas como um profeta comum.
Observação minha: falei esta semana com uma amiga muçulmana, que veio para o Canadá aos 18 anos. Ela disse que a família inteira comemora o Natal para reunir a família. Esta tradição começou com a vizinha armênia que eles tinham lá no Iran. Segundo minha amiga, ela via toda aquela festa na época de dezembro e a mãe não conseguia convencê-la de que aquilo não pertencia ao mundo muçulmano deles. Um dia, a vizinha armênia os convidou para uma ceia de Natal, e desde então toda a família da minha amiga comemora a data.
Friday, December 9, 2011
A Gorda e a Magra
Não é de hoje que a mulher brasileira é conhecida por sua beleza. Também não é novidade sua obsessão em busca de uma beleza perfeita mostrada em filmes e revistas. Com a vulgarização do Photoshop, esta beleza "perfeita" tornou-se ainda mais inatingível, levando muitas adolescentes para a mesa de cirurgia plástica em casos bem-sucedidos, e sabe-se lá para onde em caso contrário. A obsessão é tamanha que, segundo um estudo que li há algum tempo, cerca de 130 mil crianças (sim, você leu crianças) e adolescentes se submeteram a algum tipo de cirurgia plástica em 2009.
No entanto, os hábitos alimentares destas mesmas crianças e adolescentes não contribuem para a manutenção de uma silhueta magra. Os fast foods e as comidas industrializadas, cheias de conservantes e outros produtos químicos, têm criado uma sociedade obesa. Junte-se a isso a quase total ausência de atividade física. Não é de surpreender que cirurgiões plásticos andem tão ocupados.
Sendo mulher e não fazendo parte do grupo que veste 36/38 (a vida inteira fiquei entre 40/42, chegando a 46/48 em uma época em que fiquei doente), sempre senti esta cobrança de ser magra; cobrança esta que não vem somente dos outros, mas de mim também, afinal, foi assim que fui criada. Com apenas alguns dias no Canadá percebi que aqui é um pouco diferente. A começar pelas repórteres na TV e as moças (já nem tão moças assim) que anunciam a previsão do tempo. No primeiro caso, é comum ver repórteres bem acima do peso aparecendo no horário nobre na TV. Quanto às moças da previsão do tempo, muitas já estão na casa dos 40 anos. Quando é que você vê este tipo de coisa na TV brasileira, principalmente na Globo? Jamais! Todo mundo é magro, jovem, e bonito na TV. Se não for magro, em pouco tempo as emissoras dão um jeito de cortar as gordurinhas extras. Quem aí se lembra da Angelica, na Manchete, e da Ana Maria Braga, na Record? Ambas devem ter perdido mais de 30 quilos juntas ao irem para a Globo.
Nas ruas de Toronto é comum encontrar pessoas obesas de todas as idades. Algumas com mais idade (mais de 40 anos, eu diria), chegam a andar em um tipo de scooter porque não conseguem mais sustentar o peso do próprio corpo. Não é difícil encontrar estas mesmas pessoas fazendo refeições diárias em redes de fast-food, regadas a refrigerante de tamanho extra grande. Sempre ouço dizer que nos Estados Unidos a situação é ainda pior. O que acontece com estas pessoas? Onde está o culto ao corpo? Será que ele é preocupação exclusiva das brasileiras?
Na verdade, não. Percebi que na América do Norte, em geral, as pessoas são mais relaxadas com a aparência e que o conceito de " magro" para eles é diferente do conceito brasileiro. Aqui, por exemplo, ninguém diz que estou gorda ou acima do peso, mas quando vou ao Brasil, minha própria família diz que seria bom eu perder alguns quilos. Para ficar magra do jeito que eles acham que deve ser, eu deveria perder uns 10 quilos, e desta maneira entrar em uma calça 38. Se eu decidisse trabalhar na TV, provavelmente teria que perder mais uns 10 quilos.
Parece simples falar, mas é muito difícil romper paradigmas. Felizmente, moro em um país com menos cobranças, e quando digo que estou gorda, mais do que prontamente escuto "You look great". É, talvez eu esteja ótima mesmo e essa coisa de gordurinha em excesso é coisa que colocam na sua cabeça (e na sua barriga, pernas, coxas, e onde mais couber).
;)
No entanto, os hábitos alimentares destas mesmas crianças e adolescentes não contribuem para a manutenção de uma silhueta magra. Os fast foods e as comidas industrializadas, cheias de conservantes e outros produtos químicos, têm criado uma sociedade obesa. Junte-se a isso a quase total ausência de atividade física. Não é de surpreender que cirurgiões plásticos andem tão ocupados.
Sendo mulher e não fazendo parte do grupo que veste 36/38 (a vida inteira fiquei entre 40/42, chegando a 46/48 em uma época em que fiquei doente), sempre senti esta cobrança de ser magra; cobrança esta que não vem somente dos outros, mas de mim também, afinal, foi assim que fui criada. Com apenas alguns dias no Canadá percebi que aqui é um pouco diferente. A começar pelas repórteres na TV e as moças (já nem tão moças assim) que anunciam a previsão do tempo. No primeiro caso, é comum ver repórteres bem acima do peso aparecendo no horário nobre na TV. Quanto às moças da previsão do tempo, muitas já estão na casa dos 40 anos. Quando é que você vê este tipo de coisa na TV brasileira, principalmente na Globo? Jamais! Todo mundo é magro, jovem, e bonito na TV. Se não for magro, em pouco tempo as emissoras dão um jeito de cortar as gordurinhas extras. Quem aí se lembra da Angelica, na Manchete, e da Ana Maria Braga, na Record? Ambas devem ter perdido mais de 30 quilos juntas ao irem para a Globo.
Nas ruas de Toronto é comum encontrar pessoas obesas de todas as idades. Algumas com mais idade (mais de 40 anos, eu diria), chegam a andar em um tipo de scooter porque não conseguem mais sustentar o peso do próprio corpo. Não é difícil encontrar estas mesmas pessoas fazendo refeições diárias em redes de fast-food, regadas a refrigerante de tamanho extra grande. Sempre ouço dizer que nos Estados Unidos a situação é ainda pior. O que acontece com estas pessoas? Onde está o culto ao corpo? Será que ele é preocupação exclusiva das brasileiras?
Na verdade, não. Percebi que na América do Norte, em geral, as pessoas são mais relaxadas com a aparência e que o conceito de " magro" para eles é diferente do conceito brasileiro. Aqui, por exemplo, ninguém diz que estou gorda ou acima do peso, mas quando vou ao Brasil, minha própria família diz que seria bom eu perder alguns quilos. Para ficar magra do jeito que eles acham que deve ser, eu deveria perder uns 10 quilos, e desta maneira entrar em uma calça 38. Se eu decidisse trabalhar na TV, provavelmente teria que perder mais uns 10 quilos.
Parece simples falar, mas é muito difícil romper paradigmas. Felizmente, moro em um país com menos cobranças, e quando digo que estou gorda, mais do que prontamente escuto "You look great". É, talvez eu esteja ótima mesmo e essa coisa de gordurinha em excesso é coisa que colocam na sua cabeça (e na sua barriga, pernas, coxas, e onde mais couber).
;)
Sunday, November 20, 2011
Curiosidades sobre o Canadá: Movember
Você sabe o que é Movember? Antes de chegar ao Canadá eu também nunca havia ouvido falar sobre esse movimento, ou melhor, campanha, que tem origem na Austrália e se espalhou pelo mundo, inclusive no Rio de Janeiro.
No mês de novembro homens deixam seus bigodes crescer para demonstrar solidariedade e suporte ao combate do câncer de próstata, que é o tipo de câncer mais comuns em homens.
É muito engraçado ver a transformação em jornalistas e outras pessoas ao longo do mês, que deixam de ter uma cara bem barbeada e passam a exibir bigode e/ou barba.
Alguns viram alvo de apostas em empresas, pois não é todo mundo que tem paciência para esperar até o fim do mês para tirar o bigode. Eles dizem que começa a coçar e incomodar, e acabam desistindo no meio do caminho.
A brincadeira não pára por aí. Além de fazer doações, você também pode enviar sua foto para vários sites e programas de TV para concorrer a prêmios.
Para saber mais sobre o Movember, se envolver, e fazer uma doação, acesse www.ca.movember.com.
No mês de novembro homens deixam seus bigodes crescer para demonstrar solidariedade e suporte ao combate do câncer de próstata, que é o tipo de câncer mais comuns em homens.
É muito engraçado ver a transformação em jornalistas e outras pessoas ao longo do mês, que deixam de ter uma cara bem barbeada e passam a exibir bigode e/ou barba.
Alguns viram alvo de apostas em empresas, pois não é todo mundo que tem paciência para esperar até o fim do mês para tirar o bigode. Eles dizem que começa a coçar e incomodar, e acabam desistindo no meio do caminho.
A brincadeira não pára por aí. Além de fazer doações, você também pode enviar sua foto para vários sites e programas de TV para concorrer a prêmios.
Para saber mais sobre o Movember, se envolver, e fazer uma doação, acesse www.ca.movember.com.
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